Falta medicamento no Ipsemg

Situação crítica já tem impactos em tratamento; Sind-Saúde e entidades ligadas à saúde cobram solução imediata

Foto Neuza Ipsemg

Ao menos quatro medicamentos para tratamentos de câncer estão em falta no hospital do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) que está sem repasse das verbas pelo governo estadual. O risco dos pacientes, muitos há meses sem tomar medicação, preocupa órgãos do controle social do Sistema Único de Saúde (SUS) e servidores públicos usuários do Ipsemg. Nesta quarta-feira (13), o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas gerais (Sind-Saúde/MG), o Conselho Estadual e Municipal de Saúde (CES-MG e CMS-BH), além de usuários do hospital estiveram reunidos com a direção do Ipsemg. A situação crítica do hospital e os problemas relacionados à rede conveniada foram tratados durante a reunião.

O diretor de saúde do Ipsemg, Leonardo Brescia, afirmou que procura o governo estadual para receber o repasse dos beneficiários que foi recolhido e não foi repassado. Segundo ele, a gestão busca alternativas e não descarta pedir empréstimo para garantir o atendimento.

Pacientes e parentes de pessoas em tratamento no hospital relataram o drama que vivem. Sem acesso a medicação de alto custo muitos tem contado com mobilizações para arrecadar doações ou até mesmo o risco de não tomar o remédio. Um dos casos é do Carlos de Arajuo da cidade de Moeda, região central de Minas Gerais. Com o filho internado para tratamento de câncer, Carlos precisou pedir um empréstimo de R$20mil para arcar com a medicação de apenas um mês. Outra servidora pública presente na reunião está sem tomar os remédios há um mês e tem medo dessa falta de medicação afetar o tratamento médico. Ela apresentou os nomes dos medicamentos de quimioterapia que estão em falta. Segunda ela, são Ifosfamida, Pamidronato, Rituximabe 500 e Nivomulabe.

Veja abaixo depoimento do Carlos que conta um pouco como foi enfrentar o drama da falta de medicamento no Ipsemg:


A presidenta do Conselho Municipal de Saúde, Carla Anunciata, mostrou indignação com o sucateamento do hospital. “Por que tem dinheiro para pagar comissionado com altos salários e não tem medicamento? Pedimos a sensibilidade para solucionar. A prioridade é medicamento, Medicação para câncer não pode faltar”, indagou Carla. A presidenta do CMS-BH relembrou ainda o histórico de desmonte que vive o patrimônio dos servidores com o calote no Fundo Previdenciário dos servidores e a implantação da coparticipação.

Diversas situações de descaso e sucateamento também foram apresentados pelos usuários.

Denúncia
Ainda durante a reunião, uma das usuárias presentes denunciou um suposto esquema de cobrança ilegal de consultas e procedimentos médicos feita em conveniadas do Ipsemg. A usuária, que preferiu não se identificar, contou casos em que médicos cobram R$180,00 por consulta e cerca de R$100,00 por exames ginecológicos preventivos. A coparticipação vem cobrada no contracheque, o que aponta que nenhum valor deveria ser pedido ao beneficiário do Ipsemg. A servidora pública fará a denuncia por escrito à gestão do Ipsemg.

A diretora do Sind-Saúde Neuza Freitas indicou a necessidade de acionar o governo e parlamentares para intervir imediatamente em uma solução. “Os relatos são muito graves e não podem ficar nessa sala. Os problemas do Ipsemg são maiores do que a gente pensava. Precisamos envolver o legislativo e executivo e solicitar audiência pública imediatamente” indicou Neuza.

Ao final da reunião ficou decidido que irá ser feita uma solicitação junto ao legislativo para realização de audiência pública e será protocolado no Conselho Estadual de Saúde e no Ipsemg a lista de medicamentos que estão em falta para acompanhamento dos órgãos de controle social.