Conselho do CDES debate proposta brasileira para o Clima

Reunidos na tarde de ontem (16), no Palácio do Planalto, membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) debateram a proposta brasileira para a negociação na Conferência do Clima, que acontece em Copenhague, Dinamarca, no próximo mês.

 

A coordenação do encontro foi feita pelo Ministro das Relações Internacionais, Alexandre Padilha. Também estavam presentes à mesa o embaixador extraordinário para Mudanças Climáticas Sérgio Serra, os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura) e Carlos Minc (Meio Ambiente), o secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa e o Presidente da Central Única dos Trabalhadores e coordenador do Grupo de Trabalho de Energia do Conselho, Artur Henrique.

 

Artur Henrique abriu a fala propondo uma moção, que ao longo da discussão se tornou uma moção sobre a mudança do clima (Clique para ler a Moção 30.97 Kb). Disse que o GT de Energia está distribuindo material que coloca como principal questão metas para os países em desenvolvimento, que devem ser voluntárias, assim como foi no caso do Brasil. Falou também da importância de se ter empregos verdes e empregos decentes e que devemos trabalhar em estudos sobre os impactos das mudanças climáticas sobre a formação e a qualificação dos trabalhadores e trabalhadoras.

 

Aberta a palavra aos membros do conselho, o empresário Oded Grajev parabenizou o Governo Brasileiro pelas metas ousadas e sugeriu a criação de um comitê de acompanhamento das metas, que comprometa a todos os segmentos da sociedade.

 

O embaixador iniciou fazendo um resgate da participação brasileira nas negociações a partir de Bali (Indonésia) lembrando que já ali havia a expectativa em torno de um posicionamento por parte dos Estados Unidos. No entanto, de lá para cá muitos países, sobretudo da Europa, a exemplo da Noruega, anunciou 40% de redução nas emissões. Serra lembrou também que o Japão, país que foi tardiamente industrializado, propôs metas em torno de 25% com o novo Governo. Ele disse que para além do tema mais dramático e objeto da decisão do governo brasileiro, que é a mitigação, há que se discutir adaptação, financiamento e transferência de tecnologia, dentre outros. “O Brasil está na vanguarda, esses números representam o desvio de trajetória mais ambicioso até agora apresentado como proposta para Copenhague”, afirmou ele.

 

O Ministro da Agricultura falou sobre os avanços conquistados pelo setor que responde por quase a metade das emissões. Além de falar sobre o desenvolvimento tecnológico e seu crescimento nos últimos 30 anos, o plantio direto, fixação biológica do nitrogênio, entre outros temas, Stephanes também forneceu números sobre a recuperação de áreas degradadas, em especial na agropecuária.

Carlos Minc, do Meio Ambiente, disse que o Brasil mostrou números significantes de redução do desmatamento na Amazônia. Sobre o monitoramento no cerrado que não existia, ele lembra lembra que agora pode ser acompanhado por Ibama, universidades e pelo Inpe, algo que permite mensurar a redução dos desmatamentos. Minc ainda falou sobre outras formas de redução como a regulação dos veículos e surpreendeu o plenário com a revelação de que apenas 3% da população brasileira faz a separação dos lixos.

 

O Professor Pinguelli apresentou um relato da participação brasileira sobre o tema mudanças climáticas desde 2007. Resgatando a criação da Rede Clima, a elaboração do Plano Nacional de Mudanças Climáticas aprovado pelo Presidente Lula em 2008 e no ano seguinte, a criação do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, dentre outras iniciativas. Pinguelli apresentou a contribuição de todos os segmentos da sociedade na construção da proposta brasileira mencionando os pontos mais relevantes apontados por cada entidade. À CUT coube, entre outras sugestões, a preocupação com os reflexos das mudanças climáticas sobre o emprego e sobre a vida da classe trabalhadora. Ele citou ainda a Carta de Belém, documento assinado pela CUT, ONGs e outras manifestações do empresariado.

 

Sobre as metas, o professor falou que uma coisa é a discussão diplomática, outra a questão política. Sobre o fato de que o Brasil vai a Copenhague com uma percentual de redução definido, mas os Estados Unidos e a China não, o professor foi enfático. “É como um casamento em que a noiva não vai”,  sintetizou ele.

 

Aberta a palavra aos membros do conselho, o empresário Oded Grajev parabenizou o Governo Brasileiro pelas metas ousadas e sugeriu a criação de um comitê de acompanhamento das metas, que comprometa a todos os segmentos da sociedade.

Fonte: CUT